FRIEIRA

AUTOR: Paulo Roberto Giesteira

Uma das mais piores micoses que infringe o pé,

Por pé de capim limão ou de frutas que fazem sucos ou picolé,

A capinar laranjais a sua volta por pé;

Da gíria em que um expressa ao outrem: como é que é ?

Do pé pelo odor a não suportar pelo forte cheiro de chulé,

Do voltar pra trás na ignição da marcha a ré,

Expressões hediondas a interjeição de qual é !

Da interrogação a pronunciar é ou não é ?

De uma caminhada a pé,

A ausência das sandálias ou chinelos a ficar em pé,

Ou a pisar no solo com o próprio pé,

Dos pés macios como a leveza de um bife filé.

Da poça de lama ao redor de qualquer chalé,

Da água parada que é pisada,

Descuidadamente ou desapercebido,

A dar um acompanhante rolé.

Da topada em algo imprevisível de um ocasional pontapé,

A arrancar o tampão da cabeça do dedo de algum pé,

Direito ou esquerdo direcionado como tripé,

Do pé de cana ou pé de moleque ligado ao que se quer.

Erva botão, erva de bicho, cânfora ou permaganato combate o que é...

Aparando o mato que sufoca qualquer plantio de café.

A coçar no espirro de rapé,

Das feridas entre os dedões do pé,

Estando doido por ser um lelé...

Do pé de ervas ou de pessoas do se plantar pela uníssona fé

Exalando odores a chulé,

Quando descalço caminha as estradas pra frente ou a ré,

Peregrinando a um destino por um itinerário sequer,

Caminhos, ruas, becos ou atalhos a passos como de peregrinação de Maomé.

Erva de bicho combate a epidemia a cada rolé,

Erva botão de como numa bacia a que se banha o pé,

Permaganato gela a resfriar a sola como picolé,

Pelo solado a poeira estirada a pó de rapé.

A passadas contraindo vetores ou hóspedes como se quer,

Sensível como do desprevenido ou prevenido pé.

Entre as entranhas dos dedos de quem anda a pé.