Uma pala na vida
Sua grama é tão rala
nem posso pisá-la
ao fazer meu caminho.
Meu destino é um ninho
na importância do jardim
de sua mansão tão rara.
Seu concreto tão forte
quebra-se à minha queda,
mas terei a boa sorte
de ainda roer a seda
dos seus lençóis de dormir
onde enganas a morte.
Sua vida é uma pala
enquanto a minha
pedala ou se arrisca
no asfalto, ou mala
do camburão da arisca,
e a polícia tão casta...
Sou o caos do mundo,
confesso, mas só isso
sei. Como ser profundo
numa ordem que só você
é rei. Sou o quebradiço,
seu bufão nauseabundo.