fig: Soul inside tree, de Debra Brenier


Matéria-Prima
(do livro "Poetas 2000", Ed. Blocos)

 


O que desconheço é a matéria que consumo para fazer poemas
Porque ainda contém esperança.
O que desconheço é ainda possibilidade e anseio
E me impele pela sua total irrealidade
Sua incapacidade de sobreviver fora dos meus parâmetros.
O que desconheço tem as incongruentes cores do lavanda e do   azul cerúleo
O sussurro musical do silêncio nas copas altas dos eucaliptos
A face da deusa Lua refletida em águas mansas.
O que desconheço toma a forma de um elfo dançarino
Sua essência na brisa esvoaçante
Mais real em seu ser efêmero que a realidade externa
Daquilo que conheço.
O que desconheço tem o cheiro quente e úmido da Terra Mãe
Que chora comigo nas tardes quentes a criação de todo o belo
Feito apenas para ser consumido, talvez por mim
Em um poema.
 
Dalva Agne Lynch
Enviado por Dalva Agne Lynch em 18/05/2017
Reeditado em 18/05/2017
Código do texto: T6002916
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.