Incertezas

Onde estou? Para onde vou?

O que sou? Cadê a razão que você me roubou?

Sem certezas, sem chão;

Vago no mundo cambaleando procurando o ladrão.

Danço a dança do vazio,

Do escuro e do incerto.

Penso muito, mas nada sei decerto.

O que estou a fazer nesse vale sombrio?

Folhas no chão de um dia de outono,

Árvores nuas como meu coração no abandono

Das certezas da vida, pairando na dúvida da existência.

Deixo que o vento entre e carregue toda minha essência.

No furacão e no turbilhão da vida eu me debato

Algo não quer seguir o predestinado,

O conforme, o ditado, o adequado.

E eu sigo inconformado, e desconfiado.

Sem um esteio, sem um porto seguro,

O que eu sou? O que devo seguir?

A maré? A corrente? O tudo e todos?

Ou não seguir nada? Ou não ser nada?

As forças vão se esvaindo na mente titubeante.

Boca dúbia de desejos contraditórios, olhos vacilantes.

Acelero e quase paro, num ritmo descompassado;

Andando num passo de um ser desencaixado.

O que sou? O que quero? O que devo fazer?

O que seria da vida se tudo já nascesse pronto?

Se tudo seguisse uma ordem natural, sem confronto?

A graça da vida está em escolher, e a dúvida está em ser.

Thalita Palassi
Enviado por Thalita Palassi em 09/09/2016
Código do texto: T5755784
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