Incertezas
Onde estou? Para onde vou?
O que sou? Cadê a razão que você me roubou?
Sem certezas, sem chão;
Vago no mundo cambaleando procurando o ladrão.
Danço a dança do vazio,
Do escuro e do incerto.
Penso muito, mas nada sei decerto.
O que estou a fazer nesse vale sombrio?
Folhas no chão de um dia de outono,
Árvores nuas como meu coração no abandono
Das certezas da vida, pairando na dúvida da existência.
Deixo que o vento entre e carregue toda minha essência.
No furacão e no turbilhão da vida eu me debato
Algo não quer seguir o predestinado,
O conforme, o ditado, o adequado.
E eu sigo inconformado, e desconfiado.
Sem um esteio, sem um porto seguro,
O que eu sou? O que devo seguir?
A maré? A corrente? O tudo e todos?
Ou não seguir nada? Ou não ser nada?
As forças vão se esvaindo na mente titubeante.
Boca dúbia de desejos contraditórios, olhos vacilantes.
Acelero e quase paro, num ritmo descompassado;
Andando num passo de um ser desencaixado.
O que sou? O que quero? O que devo fazer?
O que seria da vida se tudo já nascesse pronto?
Se tudo seguisse uma ordem natural, sem confronto?
A graça da vida está em escolher, e a dúvida está em ser.