Há muitos de mim por aí
Há muitos de mim na rua,
perdidos e soltos a procurar,
uma flor, uma escultura,
uma jóia a se eternizar.
Há muitos de mim no escuro,
perdidos em sombras tolas,
em dúvidas de coração duro,
a chutar-se toda as bolas.
Há muito que sou dividido
entre o caminhão das flores
e o fuzil escondido a desarmar.
Há muito que sou escolhido.
Por gritos ensandecidos de amores,
tenho me esforçado a esperar
Por saber que o momento escolhido,
é apenas a desculpa pra justificar.
Há muitos de mim na rua a se buscar.
Há muitos perdidos nos lençois listrados,
em devaneios tolos nas linhas a contar.
São as desculpas pra serem mal amados.
Quando nessas buscas cansativas
sabe-se do motivo de todas as dores;
que em todas as fugas divertidas
há que fechar ouvidos a rumores.
Há muitos de mim pela rua,
nem tanto a buscar sentido,
nem tanto a se sentir perdido,
mas na busca de uma alma nua.