a antítese

Míopes , são os donos dos instantes

Foi-se o amor , de teus olhos a vertigem

Inexatos , insensatos , inconstantes

Que em meus olhos os teus fingem

Pois não sabem se entregar sem ter

Que se matam uns nos outros em lar

Que se beijam em suspiros sem ar

E são incoerentes em ser não ser

Olhos que se fitam na quietude

A ebulição dos corpos um espasmo

O sexo do inimigo se tem amiúde

Em ferir a si mesmo no orgasmo

A mulher a quem penso , filosofia

De tanto pensar a nego , não tenho

Finjo de amar , a faço de poesia

Uma alquimia de anseio e desdenho

Desejo tão solene a mim

Como quem busca no outro

No espelho , Um reflexo sem fim

Fazer do amigo próximo , o outro

E outro , e outro incansavelmente

De tudo sou invisível e cansado

No movimento universal , estou parado

Na fluidez , no repetido e inevitável , ardente

De tudo como amante eu sou um ressentido

De me ver a esmo dentro do sublime e do perdido

Eu sou o andarilho ríspido , habito no ausente

Dentro da inércia viva do infinito

Literalmente DOM QUIXOTE

02/05/2016

DOM QUIXOTE lucas passoni
Enviado por DOM QUIXOTE lucas passoni em 27/08/2016
Código do texto: T5741913
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