Qual é a paz?
Fácil de fazer confusão
se o sangue mistura-se;
se a força pra ganhar da vida;
se a culpa pra ganhar o pão,
está no cartaz de procura-se;
está na lama de nossa lida.
Fácil pra gente confundir
compaixão com zelo;
moda com solidariedade,
quando o destino tem um fim;
quando sentimos medo
do nosso sangue na cidade.
De todas as sortes
que se joga ao alto
no bico de uma pena
ou nos braços fortes
com uzis de assalto
ou de rejeitos em cena.
A natureza sem se confundir;
A guerra sem se perdoar,
um dia cobra o preço;
um dia dobra o custo
E não adianta pedir um fim;
Não adianta sequer sangrar
entre cores de desprezo.
Muito fácil confundir
opressão com paz;
ódio com sofrimento
se nunca estivemos ali
no passado que não se refaz
nem acalma todo tormento.