E Deus com isso?
Aonde esta Deus?
Talvez nas esquinas,
Com as putinhas…
Que são fuga de vidas.
Nas ruas aonde corpos caem,
Com a violência, ódio e fome.
Deus não existe…
Para quem não come!
Deus não existe…
Para quem não come!
Não existe almoço para agradecer.
Em que parte do mundo,
Deus se esconde?
Em que parte do homem,
Ele se faz?
A cada tapa da criatura,
A cada lágrima que cai…
Só o silêncio fala!
Só o silêncio cala!
Covarde é o ser,
Que se esconde em um nome.
Injusto é o ser,
Que o usa como arma.
Não existem almas para se escravizar,
Em terras secas.
Não é obra do acaso,
Que pobre, feio e ladrão,
Não possam sonhar...
Mesmo que a prece não tenha rosto.
E Deus com isso?
E eu com aquilo?
Na esfera da terra,
Chute em bunda,
Dos desprezados.
Não há salvação,
Para quem não tem posse.
Nos templos e igrejas…
Apenas se permite sentir,
O cheiro do banho e de perfumes caros.
E Deus, sente cheiro?
E ele, tem cheiro?
Qual o odor do corpo,
Quando a alma é podre?
Sapatos caros,
Levando caráter barato,
Engana, mas não convém.
A esmola é descarrego para a mente,
Porque o indigente já é morto,
Não vive, é enfeite na cidade.
Pobre é propaganda para bondade.
Sociedade de hipócritas,
Servem seus restos, lavagem…
Preces com olhares de piedade.
E Deus com esses doentes?
Fartura para os escolhidos,
Sofrimento, para os ausentes.
Tantos nomes, tantos rostos diferentes.
E o que tem Deus pra essa gente!
A fila de pedidos…
Não é maior que o próprio umbigo.
Aonde se esconde Deus,
Nesses momentos decadentes?
Pendurado em alguma parede,
Estigma social?
Folclore nacional.