Alguém
Estou-me farto de tudo isso!
Este caminho, estas regras..
O mundo exige que cheguemos a algum lugar,
Que conquistemos coisas.
[tudo quinquilharias.
E ressoa aos ouvidos do velho menino,
Que só queria brincar com seus obsoletos carrinhos:
-Vá estudar moleque, e assim, serás algo nesta vida,
Não faças como esta velha, seja alguémmm...
E me perguntaste:
-Já não sou alguém? E que é este novo que devo me transformar?...
Correr ,Vencer, Comprar!
E poder assim, com meu super automóvel,
Passar a frente do velho bairro, da velha casa, da paralítica rua...
Olhar aos pobres que eu via na infância e vê-los,
[de meu altar de perdas
Estagnados, congeladamente coitados,
Como se àqueles o tempo não ajudaste.
E assim, aos olhos da velha seria eu alguém,
Um alguém tristonho , Porém visível e Porém soberbo.
Desculpe-me a todos , perdoe-me os velhos que me disseram,
Mas em minhas ambições não há espaço ao impostor,
Meu alguém é mais simples,
Segundo os românticos.
O mais complexo ,
Tratando-se de pensares.
Quero ser apenas ninguém,
E no modesto anonimato,
Alçar nas costas O Próprio Universo.
Serei aquele que chora pelo que as almas sentem,
E que encarna o que sequer vê.
Quero só ser poeta,
E ganhar meu quintal,
Como quem ganha o mundo!