Dilema
É difícil escrever visando o melhor poema do mundo,
Achar a melhor comparação,
A inédita metáfora.
É difícil tecer com toda esta pretensão,
Tornar minhas palavras eternas,
Deixar meu ponto na linha do tempo.
É difícil ver-se tão pequeno,
Sentir sua poesia tão esquecida,
Seu pensamento tão quieto.
É difícil ter um ego tão grande,
Sem críticos para alimentar,
Sem criticas para alicerçar,
Sem um berço onde descanse a vaidade.
É difícil não ver sentido
Na melhor perda de tempo que é escrever.
É difícil não ter uma estrada
Para seu livro então correr.
Sim, sei que é difícil...
É difícil ser criança e sonhar com a idade,
E duvidar todo dia,
Do clichê felicidade.
Porque escrever tanto? Onde quero chegar
Ou será que escrevo para o tempo parar?
Acho que a resposta venha numa visão de primavera,
Ou em folhas secas que caem com tanta brandura,
Talvez a resposta seja a mesma de
Por que amar?
Por que viver?
Por que rezar?
Por quê nascer?!
A mesma talvez não exista.
E nossos olhos são quem anseiam crer.
Não existe um porque,
E quanto melhor o olhar
Mais cativante o motivo.
Não existe motivo,
A mágica está em correr sem ter onde chegar,
Em buscar pela passagem,
O que vale a pena ser conquistado.