MORTE E VIDA BORBOLETA
Hoje descobri que posso me reinventar
Dolorosamente, descobri.
Estou, então, de luto.
Enlutada pela pessoa que fui até aqui.
Companheira e amiga, minha base para segurança.
Mas tenho que matá-la.
Parece-te cruel?
Pois agora mesmo aprendi, com intensidade na pele
O real sentido se sermos “Ser em Movimento”,
“Pessoa que muda e se transforma a cada estágio da vida”... e por aí a fora...
Carregava comigo, desde novinha, aquela incansável e adorada menina, que sempre fui
Não me desfazia dela por nada, era meu porto seguro
Para onde voltava após mares turbulentos.
A menina era livre, alegre, feliz,
Distante do mundo, para não sentir seu peso.
Todo o resto era triste, inseguro, matemático, nada poético e sem graça.
Mas ela trazia consigo qualidades, lindas por sinal,
Que não cabem mais hoje,
De modo que, tenho que matar a menina para seguir em frete.
Mas.... com a morte dessa adorável criatura,
Quem serei eu?
E o mais importante:
Ainda terei alma de poeta?
Ou a poesia, com toda sua fantasiosa inventividade criativa,
Já estava em mim, e a menina a preferia
Como forma de se expressar, para evitar o público?
São tantas questões a se responder...
Depois de muito pensar, percebo:
Isso não é ruim.
Estou vivendo uma morte.
Mas também vivo um nascimento
De alguém que posso escolher definir,
Então, não preciso perder, por completo, a menina,
Apenas pegar seu melhor
Fazendo-a crescer, evoluir e melhorar,
Com a mesma originalidade e graça da menina.
Ela será ainda mais linda e marcante
Brilhará ainda mais e me levará mais longe que almejei.
Então, não é, de fato, uma morte, mas uma transformação: metamorfose.
Hoje a lagarta se recolhe ao casulo,
Para amanhã, logo cedo, deixar nascer a borboleta
Quem serei eu? Uma borboleta em construção
By Marta Almeida: 19/02/2015