NEM RESTO NEM QUOCIENTE

Havia uma vertente

Desaguando num riacho

A vida de cima a baixo

Crescia remanescente

A floresta da nascente

Derrubaram pra carvão

A terra correu no chão

Assoreando o arroio

Se não houver um apoio

Não há mais vida nem nada

Perder-se-á a boiada

Pela falta de um aboio.

O tempo abriu a boca

Comeu a minha mocidade

Peguei a realidade

Troquei na minha inocência

O avanço da Ciência

Quase que me deixou louco

Quando eu aprendi um pouco

Pra poder dar meu recado

Tudo que eu vi foi trocado

Foi arrancado o reboco

A moeda virou troco

E tudo ficou mudado.

Quando eu olhei pro lado

Tudo se mudou pra frente

E o que tem dentro da gente

Nem é mais o que se sabe

Não sei o que, que mais cabe

Na boca que não tem dente

Como se faz um repente

Ou se compõe uma canção

Não sei se na minha mão

Um pássaro preso inda vale

Ou se o pássaro solto no vale

Compensa uma boa ação.

Recomecei novamente

O que eu havia estudado

Pensei que o resultado

Fosse resposta descente

A Ciência foi pra frente

Buscando se aprofundar

Entrou no DNA

Já fez o clone de gente

Hoje a dúvida mais presente

É se “o clonar” é errado

E não se sabe o resultado

Nem resto, nem quociente.

Thiago Alves Poeta
Enviado por Thiago Alves Poeta em 28/01/2015
Código do texto: T5116633
Classificação de conteúdo: seguro