LINHA DO TEMPO

(José Ribeiro de Oliveira)

Estou escrito em mim mesmo

Nas cicatrizes que trago

No brilho do meu olhar

Na tolerância que desenvolveu min’alma

Nos meus passos lentos, na minha calma

No meu modo de pensar

Estou escrito em mim mesmo

Em cada linha do meu rosto

No meu jeito de falar

Na minha têmpora lilás

Do tempo expondo sinais

Que da terra pude arar

Estou escrito em mim mesmo

No meu apurado gosto

Na forma de ver a vida

Nas reflexões que faço

No meu prumo, no compasso

Nessa estrada tão comprida

Estou escrito em mim mesmo

Nas rugas da minha face

Na moldura do meu ser

Na comunhão dos sentidos

Do modo mais refletido

Da estrada a percorrer

Estou escrito em mim mesmo

Com frases sublinhais

Em verso e poesia

Pra leitura bem profunda

Numa história bem fecunda

De gozo e de agonia

Estou escrito em mim mesmo

Na textura da minha derme

No castigo do cansaço

No apego ao meu passado

Nos sonhos acalentados

E nos planos que hoje faço

Estou escrito em mim mesmo

No tremor das minhas mãos

Nas minhas cordas vocais

No meu escasso sorriso

No meu querer mais preciso

No porto, ao descer do cais

Estou escrito em mim mesmo

Qual livro aberto na mesa

Para se ler e pensar

Vida bela, vida em luta

Vivida, sofrida, impoluta

Deixada pra copiar.

Professor José Ribeiro de Oliveira
Enviado por Professor José Ribeiro de Oliveira em 11/09/2014
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