O ADORMERCER DA POESIA
A poesia adormece lânguida na alma do poeta.
Mas isso o faz insone no transcorrer das breves horas
Em que a nostalgia se avulta e acarreta
O eflúvio dos versos em sonolência mórbida.
A exaustão presente nas noites e dias,
As tentativas das buscas e a inquietação latente
Traz no silêncio a inspiração, às vezes, fugidia.
E há vazios que o permeiam como estrelas cadentes.
Centelhas hipnóticas da clara luz do plenilúnio
Misturando-se com soturnos hiatos obscuros
Levam-me a perguntar por que se esconde o que o sentir traduz.
Estariam os versos aprisionados em pesadelos e infortúnios?
Ou estaria a sensibilidade esperando o momento rútilo
Para cristalizar-se na poesia da natureza que reluz diamantina?