Se eu fosse explicar minha tristeza

Se eu fosse falar as tristezas que tenho,

não haveria argumentos que descrevessem tal sensação,

nem tão pouco quem entendesse minhas palavras.

Se eu fosse pintar minhas tristezas,

no âmago de tudo eu estaria entre os grandes,

deixaria que a gélida tinta gritasse por mim em sinal de solidão.

Se eu fosse beber minhas tristezas,

não haveriam oceanos capazes de me saciar,

me entregaria de corpo e não de alma num copo

para poder lamentar por dentro as coisas vãs que passei.

Se eu fosse fumar pelas minhas tristezas,

ficaria imerso a densa fumaça que me esconde,

disfarçando o cansaço e o ódio,

em tragadas que eu nunca dei.

Se eu fosse chorar minhas tristezas,

arrancaria de mim a ultima gota

e nos olhos abatidos da labuta

não haveria mais brilho.

Se eu fosse musicar minhas tristezas,

faria um lenta sinfonia ao som de piano e violino,

que de tão demagoga,

me arrancaria muito além daquela ultima lágrima.