Prazer da morte, furor do amor

Há um espinho cravado em meu peito

Latejando minha alma, será o prazer

Da morte ou o furor do Amor?

Semeamos em nossa passagem

Não ficamos com a semente,

Não as podemos reter, virão os que

Colherão nossos frutos e, os colherão;

Semeamos em uma larga estrada

Mais estreita é a passagem

Que nos acolhe e nos aceita

Findando a colheita do que semeamos

Se semeamos e cultivamos

Que frutos queremos?

Qual aroma e sabor lhe daremos?

É possível, está em nossas mãos?

O que nos cabe fazer, tocar

Sentir, amar, esperar, sofrer...

Minha alma ainda lateja, qual dor;

Será o prazer da morte ou o furor do Amor?

Tomado meus dias como lança nas mãos,

Projetando no futuro, minha esperança

De que o hoje não acabe que seja eterno,

Se terminar, terei lutado, terei amado

Irei então ao encontro do que eternizei

Do que sonhei, me entreguei, me rasguei,

Me feri, me traí, do que sofri e chorei

Do eterno que vivi e não escondi,

Do eterno que mereci, do que deixei fugir

Do que me foi verdadeiro, onde me encontrei;

Onde no cansaço repousei, minhas dores partidas

Amadurecidas, jamais reveladas em meu semblante

Sentirei o sabor dos frutos que cultivei

Serão eles doces ou amargos?

Tocarei sua textura, sentirei seu sabor

No prazer de minha morte, ou no furor do amor

Verei meus traços nos passos da estrada

Onde Amei, sofri , chorei e cultivei

Onde minha vida construí e meu livro escrevi

Regina Luzz
Enviado por Regina Luzz em 28/09/2013
Código do texto: T4502374
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