Prazer da morte, furor do amor
Há um espinho cravado em meu peito
Latejando minha alma, será o prazer
Da morte ou o furor do Amor?
Semeamos em nossa passagem
Não ficamos com a semente,
Não as podemos reter, virão os que
Colherão nossos frutos e, os colherão;
Semeamos em uma larga estrada
Mais estreita é a passagem
Que nos acolhe e nos aceita
Findando a colheita do que semeamos
Se semeamos e cultivamos
Que frutos queremos?
Qual aroma e sabor lhe daremos?
É possível, está em nossas mãos?
O que nos cabe fazer, tocar
Sentir, amar, esperar, sofrer...
Minha alma ainda lateja, qual dor;
Será o prazer da morte ou o furor do Amor?
Tomado meus dias como lança nas mãos,
Projetando no futuro, minha esperança
De que o hoje não acabe que seja eterno,
Se terminar, terei lutado, terei amado
Irei então ao encontro do que eternizei
Do que sonhei, me entreguei, me rasguei,
Me feri, me traí, do que sofri e chorei
Do eterno que vivi e não escondi,
Do eterno que mereci, do que deixei fugir
Do que me foi verdadeiro, onde me encontrei;
Onde no cansaço repousei, minhas dores partidas
Amadurecidas, jamais reveladas em meu semblante
Sentirei o sabor dos frutos que cultivei
Serão eles doces ou amargos?
Tocarei sua textura, sentirei seu sabor
No prazer de minha morte, ou no furor do amor
Verei meus traços nos passos da estrada
Onde Amei, sofri , chorei e cultivei
Onde minha vida construí e meu livro escrevi