NEGAÇÃO

Não sou poeta, jamais serei...

Apenas trago no peito

a essência fulgurante

das flores de Baudelaire,

a instigante obra errante

da Divina Comédia de Dante

e o romantismo de Heine!

Em meu corpo se espalha

a doce essência matizada

dos girassóis (di)versos

do bardo florido do Andirá,

o som da “Frauta”, e o doces

rondeis de frutas de Bacellar!

Que junto às pedras de Aninha,

e o concretismo de Gullar

fazem de mim, espectro!

Não sou poema, jamais serei...

Apenas carrego os versos

da melancolia “dos Anjos”,

a dor e ternura de Florbela,

As Sete Faces de Drummond,

e a liberdade que Bandeira,

e Violeta Branca nos revela!

Também se apossou de mim

as inquietações de Neruda,

o forte aroma de jasmim

do modernismo de Quintana,

e toda a obra de Pessoa:

tesouro de alva porcelana!

Flora igualmente em meu peito

a simplicidade de Patativa:

dádiva maior em meu leito.

Não sou poesia, jamais serei...

Sou apenas vaga luz

metrificada em sonhos...

O verbo que chora as dores,

dos sentimentos enfadonhos:

angustias, desejos e amores

em olhos e risos tristonhos!

Sou a resistência da palavra,

que vagueia em ventos livres,

sem rimas, estética ou lavra...

Sou a essência feliz, risonha,

arte pintada, sentida, falada.

Os viveres mais profundos

refletidos na alma velada!

No versejar da subjetividade

sou a voz do trovão que revela:

a luz incandescente d'alma!

Eylan Lins
Enviado por Eylan Lins em 24/09/2013
Reeditado em 30/01/2015
Código do texto: T4496137
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