Dá-me tua mão!

Dá-me tua mão!

Desçamos, amiga, as escadarias.

Não tenhas medo.

Reparemos... luz e trevas.

Eis o mundo desconhecido da nossa alma.

Um continente submerso e oculto.

Oceano cheio de segredos.

O desconhecido limite humano.

Nossas próprias sombras.

Quantos desejos tenebrosos!

Nossos abismos.

Paixões profundas.

Feridas anestesiadas.

Ressentimentos em ebulição.

Impulsos obscuros.

Tabus intocáveis.

Sonhos impossíveis

Remorsos e gritos silenciados.

Frustrações reprimidas.

Energias não redimidas.

Eis o deserto e o cárcere das nossas solidões!

Sepulcros sigilados.

Raivas, em trégua, sufocadas.

Eis o poço das lágrimas...

Nossas muletas emocionais.

Brasas ocultas da indignação.

Faíscas latejantes.

Vulcão adormecido da revolta.

Mais além, os monstros bem conhecidos:

angústia e agressividade,

orgulho, arrogância e vaidade,

egoísmo e inveja,

ódio e ressentimentos,

rancor e vingança,

medo e timidez,

compulsões e desequilíbrios,

desejos de possuir pessoas e coisas...

Cenas do passado.

Mansidão dissimulada.

Vícios aquietados à espera de provocação.

Desejos e desvios adormecidos.

Tantas pulsões querendo explodir!

Passemos adiante.

Dá-me novamente a tua mão gelada, amiga!

Sobe comigo na direção da luz.

Apenas deixemos que a luz do Espírito de Deus entre para iluminar, aquecer, curar, transformar nossas consciências: "não se perturbe nem se intimide o vosso coração" (Jo 14,27).

Não é Ele quem "tem nas mãos as profundezas dos abismos" (Sl 94,4)?

Não é Ele o médico de nossas almas, que cura as feridas do nosso coração?

Vem, sobe comigo!

"Luzes e trevas, bendizei o Senhor!" (Dn 3,72)

Lu Mendes
Enviado por Lu Mendes em 29/06/2021
Reeditado em 29/06/2021
Código do texto: T7289161
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