Poema - F45.2
Poema - F45.2
Talvez estas sejam as
Minhas palavras mais sinceras
Eu me sinto um verme
Diante do espelho
Nestes versos não há Poesia
Somente as palavras de um homem
Que se odeia
Mais do que todas as coisas
- Como podem me olhar nos olhos
E não sentirem ódio e repulsa?
Se Cristo conhecesse os meus pecados
Não teria se sacrificado
Por um verme como eu
Sou um monstro do qual
Vocês deveriam se afastar e punir!
Aqueles que apreciam as minhas poesias
Veem beleza nos meus versos
- Mas quantos de vocês
Realmente sabem pelo que
Eu tenho passado?
Se estou sangrando nestes versos
É porque quando criança
Me fizeram sangrar
Fui o melhor amigo de judas
Espalhando miséria pelo mundo
Fiz um pacto com o diabo
E tudo que eu pedi em troca
Foi uma única chance
De ser feliz;
Me tornei ateu
Em noites de insônia
Porque um homem podre como eu
Jamais entraria nos portões do inferno
Tampouco desejaria entrar
Tudo que eu desejo é uma única chance
De fazer aqueles que eu amo feliz
Mas na minha mísera existência
Tudo que eu fiz
Foi faze-los sangrar
Os tolos me idolatram
Como o mártir dos Niilistas
Enquanto os homens de branco
Juram que eu tenho depressão
Mas nenhum de vocês realmente compreenderia
Que o suicídio é para mim
Tão natural quanto o ar que respiramos
E que eu ainda só não me matei
Porque a minha vontade de Amar
É muito mais forte do que as minhas dores
- Sim!
Eu amo a vida!
Mas odeio a minha incapacidade de viver
Eu venderia a minha alma
Aos demônios da Goétia
E me sacrificaria em um altar de desprezo
E tudo que eu pediria em troca
Seria um sorriso no rosto
Daqueles que eu amo
- Me perdoem por faze-los sofrer
- Me perdoem por amaldiçoar os seus Deuses
Dormirei em meio aos vermes
Que é o meu lugar
Sozinho não posso ferir
Sozinho eu não os farei sangrar
Sozinho eu sou o deus das moscas e das pestilências
Mas somente morto!
Posso faze-los feliz...
- Gerson De Rodrigues