- A MINHA POESIA -
A minha poesia tem um toque de saudade
de um tempo não vivido,
mas, nem por isso, não relembrado.
Um certo toque de angústia pressentida,
fruto do tempo que passa velozmente dentro da noite(*),
pelO futuro que chega sem pedir desculpas ou permissão,
pela idade que entrevejo no retrato perdido de meus vinte anos,
comido por traças e esquecido no fundo de uma gaveta.
Assim é a minha poesia:
Se a esqueço por um tempo,
quando a releio, nela não me reconheço;
Se a escrevo todo dia,
como o padeiro que faz diariamente o nosso pão,
sinto-a vulgar, sem conteúdo ou sabor,
perdida dentre tantas outras coisas
por mim desnecessariamente guardadas.
Poesia! Poesia! poesia!
És toda a minha alegria
Minha carta de alforria.
- por JL, em 06/01/2008 -
(*) Referência a um poema de Ferreira Gullar.