Soberana Morte

O medo é uma ignorância

O medo é uma fraqueza

Medo espalhado é dominância

O terror deglutindo a beleza

Nenhum homem deve temer

Seja o que for

A mais suprema dor

Tudo ele deve conhecer

O medo é uma ilusão

Que surge dos preceitos do ser

Criada por sua imaginação

Quando apenas teria que viver

Viver com medo não é viver

É passar pela vida

Como um barco é silencioso mar

De olhos fechados

Esperando tudo acabar

O medo é um sinal

De que algo estar por acontecer

Na vida de quem imagina

Que lhe pode chegar o mal

Temer a vida

Temer a morte

Não são coisas a se preocupar

Ame a vida

Ame a vida

Ame a vida

E não terá medo da morte

Ame a morte

Ame a morte

Sem a desejar

Apenas sabendo que disso

Não se pode fugir

Sobre isso não se pode mentir

Estar-se sempre morrendo

A morte é a vida se escrevendo

Uma da outra não da pra separar

É a morte que escreve a vida

E a vida dela espera o ponto final

Sua autora soberana

Dará-lhe um desfecho

Bem ou mal

Só depende de quem vive

Ou morre

Mas perde tempo

Os filósofos pensando nisso

Tentando em vão definir

O que acontece lá ou cá

Tentando encontrar os liames

Dessas pontas linhais

Do mesmo ser

Querendo dar um nó

No que já uma coisa só

Um ser de duas cabeças,

E explicar tudo

Não

A vida apenas merece ser vivida

Ou sonhada

Ou reinventada.

Ou diluída, queimada...

Seja como seja

Fora como fora

Ninguém pode dizer

Que foi que a escreveu

Soberana Morte, da vida

É a imperante autora.

Não há evidentemente

Temendo a Morte

Como levar uma Vida sorridente...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 13/03/2008
Reeditado em 13/03/2008
Código do texto: T899078
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