Soberana Morte
O medo é uma ignorância
O medo é uma fraqueza
Medo espalhado é dominância
O terror deglutindo a beleza
Nenhum homem deve temer
Seja o que for
A mais suprema dor
Tudo ele deve conhecer
O medo é uma ilusão
Que surge dos preceitos do ser
Criada por sua imaginação
Quando apenas teria que viver
Viver com medo não é viver
É passar pela vida
Como um barco é silencioso mar
De olhos fechados
Esperando tudo acabar
O medo é um sinal
De que algo estar por acontecer
Na vida de quem imagina
Que lhe pode chegar o mal
Temer a vida
Temer a morte
Não são coisas a se preocupar
Ame a vida
Ame a vida
Ame a vida
E não terá medo da morte
Ame a morte
Ame a morte
Sem a desejar
Apenas sabendo que disso
Não se pode fugir
Sobre isso não se pode mentir
Estar-se sempre morrendo
A morte é a vida se escrevendo
Uma da outra não da pra separar
É a morte que escreve a vida
E a vida dela espera o ponto final
Sua autora soberana
Dará-lhe um desfecho
Bem ou mal
Só depende de quem vive
Ou morre
Mas perde tempo
Os filósofos pensando nisso
Tentando em vão definir
O que acontece lá ou cá
Tentando encontrar os liames
Dessas pontas linhais
Do mesmo ser
Querendo dar um nó
No que já uma coisa só
Um ser de duas cabeças,
E explicar tudo
Não
A vida apenas merece ser vivida
Ou sonhada
Ou reinventada.
Ou diluída, queimada...
Seja como seja
Fora como fora
Ninguém pode dizer
Que foi que a escreveu
Soberana Morte, da vida
É a imperante autora.
Não há evidentemente
Temendo a Morte
Como levar uma Vida sorridente...