ALMA

Alma... pra quê te quero se já te tenho

Tenho, tanto que não sei onde colocar

De tanto não saber, não sei mais onde está

Alma que te perdi, se ache e volte, pra eu lhe tocar

Quero tocar-te alma, quero sentir que esta dentro de mim,

Dentro de você quero estar, quero tocar nossa canção

Volta, se acha, não se prenda, mas volte para dentro

Te quero fora, mas te quero sempre, toca minha vida dona Alma

Suma, deixe sua ausência, vá para longe, mas deixe teu rastro

Amor seco e valente, dura o prazo marcado de uma só vida

Tem validade, mas sem teste de qualidade, dura até acabar

Vai, volta, some e se acha, faz se durar, te consumo além de tua validade

Vida que morre, folha que acaba, pensamento em falta, mercearia vazia

Compro tudo se nada se tem, deixo tudo o que não tenho, volto e busco depois

Você vai estar ai sim dona alma, acha que não sei, só espera um momento

Alma comerciante, deixou esvaziar para se vender

Foi, sacaneou e sumiu, foi bem quando eu te expulsei de dentro de mim

Ficou tudo vazio, um corpo, dois olhos, duas paredes, vazias e sem nada, sem alma

Mandei embora de mim, por que sabia que sem te isentar jamais ia ser assim

Não te teria fora para te buscar, te teria dentro o suficiente para não querer mais te buscar

Alma, dona alma... pode se vender então, sabes que vou te consumir de qualquer forma

Cara, barata, suja, vencida, bela, valiosa, usada, como for, vou te querer

És minha, alma, vou te carregar, mesmo no vazio, sem você para preencher

O recipiente que te guardo, é vazio e feito de algo que conhece bem, alma

Embalo-te então, levo-te, farto-me e a jogo novamente ao mundo

Vou te buscar hora destas novamente em uma destas prateleiras vivas

Onde todos olhos procuram quando percebem a escuridão

Ainda te troco Alma, te barganho por mim, fico na prateleira,

Só para ter o prazer de ver-te buscar o que já é teu