Ecos do Maranhão: Uma Odisseia Interior

Meu ser imortal, profundo, em frangalhos,

Mãos como galhos secos de caatingueiras,

Andar longo neste mundo de atalhos,

Parido em Barra do Corda, nas ribeiras.

Maranhão profundo, pés rachados, olhar seco,

Peito avermelhado, sede na língua calada,

Pensamento ligeiro, divago e me perco

Nos Eu's que fui, em cada momento e estrada.

Memórias no cerne do coração dolorido,

Maltratado, mas seguro em sua essência.

O dia distante, o passado já vivido,

A nuvem que infla, guarda nossa existência.

Através de mil bocas em telas abertas,

Vi a imagem do ser, quase alegria senti,

Enverdeci um pouco, emoções despertas,

Longe do olhar alheio, só eu percebi.

Mandei mensagem, coragem sem esperança,

O silêncio, vazio, resposta mais clara.

Na noite avançada, em mim, a lembrança

De buracos negros que o peito declara.

Ela respondeu com paz e serenidade,

Magnetismo em cada letra escrita.

O diálogo iniciou, nova realidade,

Uma conexão profunda, quase infinita.

Olhos nos olhos, brilhantes, atrativos,

A mudança começou, agora pra valer.

Interação direta, momentos furtivos,

Entre lições, um novo eu a nascer.

"Dentro de mim, um motorzinho", ela disse,

"Respira ar, expira gás carbônico, não é?"

Nunca me dera conta, que eu refletisse,

Sobre a vida pulsando em cada ser que é.

Dias de convivência, horas a fio,

Aprendi a olhar tudo ao redor,

Belezas esquecidas, um mundo sombrio

Ganhou cor, aroma, sabor e calor.

Flores, animais, árvores da terra quente,

Maranhão querido, geometria fractal!

A floresta altaneira, majestosa, imponente,

Luzes, cafés, cheiros de forma integral.

Restaurantes de beira de estrada,

Aroma alquímico de pratos regionais,

Galinha caipira, fava temperada,

Baião de dois, delícias sem iguais.

Reviveu em mim o poder de sentir,

Cheiros da cozinha, sabores da terra.

Na estrada da vida, aprender a seguir,

Redescobrindo o eu que em mim se encerra.

Feliz por ela me conduzir assim,

Levando-me de volta a mim mesmo,

Referência principal, valor sem fim,

Visão única, inestimável, supremo.

Eu profundo, incólume a julgamentos,

Esperança natural que nunca morre,

Mesmo em meio a tantos sofrimentos,

A força interior é o que nos socorre.

Com ela, retroagi à adolescência,

Músicas, restaurantes, simplicidade.

Descobri a diferença na essência,

Entre o autêntico e a falsa urbanidade.

Eu, elemento na linha de produção,

Assumi uma alma burocrática.

Horários rígidos, sem emoção,

Uma vida dividida, sistemática.

Cansado agora, esforço para escrever,

Não busco valor literário, é um desabafo.

Carta que nunca vou reler ou rever,

Sem símbolos ocultos, só o que aflorou.

Tenho em mim as desilusões do mundo,

Frangalhos cobrem as vergonhas do ser.

Quem sabe o destino, o ponto profundo,

Onde amanhã poderemos nos ver?

Encontrando-te, traçarei meu caminho,

Fazendo emergir o eu que ela despertou.

Ser que a tudo ama, nunca mais sozinho,

Amor auto-suficiente que em mim brotou.

No banheiro agora, corpo oscilante,

Para lá e para cá, como em uma canga.

Olhos semicerrados, mente errante,

Rodopio às vezes, a vida me zanga.

Não espero que ela ou você responda...

para lá... e para cá...

lá... cá... lá... cá...

lá...

...

cá...

...

I...

...

c

...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 28/02/2025
Código do texto: T8274923
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