Ela anda descalça
Ela pisa leve onde o chão é segredo,
onde a pedra guarda seu toque macio;
o passo é manso, mas traz um enredo
que o vento sussurra no vazio.
Há terra nos pés e no olhar, um lume,
um traço antigo, de outras estradas;
onde a pele encontra o pó e o perfume,
e os sonhos florescem nas madrugadas.
Poucos notam que ela anda descalça,
quando a lua decide cochilar no fim da tarde,
e a poeira no ar, em dança, se exalta
num rastro que só a alma invade.
Ela segue livre, sem pressa ou linha,
cada passo, um verso que o tempo guarda;
é a vida escrita, em sua trilha sozinha,
nos contornos sutis de quem nunca tarda.