Quando a janela reflete

O olhar desliza entre o claro e o profundo,

buscando respostas no vidro calado,

a fresta da janela é um rasgo do mundo,

onde o céu se abre em azul esfumado.

Entre o que vejo e o que a vista inventa,

há sombras guardadas, um riso velado,

pois o espelho conhece a face sedenta,

que mira a verdade no próprio passado.

Você já se deu conta de que o espelho, atento,

ri de si mesmo quando a janela reflete o futuro?

Como quem joga no ar um segredo ao vento,

esconde mistérios sob um brilho obscuro.

Assim, cada vidro me devolve um enigma,

um tempo suspenso que a luz não traduz,

e a alma que espreita, sem pressa, se estigma,

no reflexo mudo, onde o sonho reluz.

Fernando de Fidenza
Enviado por Fernando de Fidenza em 04/11/2024
Código do texto: T8189019
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