Reflexos na Tempestade

Silêncio na plateia, não há ninguém aqui

Apenas a presença misteriosa do espelho

Continuamente a me mirar, me fitar

Me vejo refletida, um tanto distorcida

Tornando-me minha maior crítica

Lanço-me na imensidão, nuances de escuridão

Ecos de pensamentos, antigas criações

Soltos, dispersos, parecem desconexos

Sopro-os num papel, formam-se versos

Através da magia das canetas coloridas

Desenhos também ganham vida

Curando as feridas contidas no porão

Recuperando a visão, a autopercepção

Quando as linhas ganham formas

E os vazios encontram tintas

Relampeja um trovão que ilumina

Um universo perdido na penumbra

Pouco a pouco reluzindo, se revelando

Feito vagalumes pelo caminho

O contrário da depressão: a expressão

Paralisada junto com a falta de reação

Escondida pela dor, que se tornou algoz

Carcereira feroz que ganha mansidão

Sempre que encontra liberdade

Para se mostrar e então dissolve-se

Formando nuvens de tempestade

Que os lampejos fazem alumiar

Criatividade, arte e a beleza de se amar

Nutrindo solo, germinando sementes

Mostrando que o pote de ouro

No final do arco-íris é a riqueza de ser

E pertencer a si mesma.

Rafaela Andrade
Enviado por Rafaela Andrade em 03/11/2024
Código do texto: T8188771
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