Reflexos na Tempestade
Silêncio na plateia, não há ninguém aqui
Apenas a presença misteriosa do espelho
Continuamente a me mirar, me fitar
Me vejo refletida, um tanto distorcida
Tornando-me minha maior crítica
Lanço-me na imensidão, nuances de escuridão
Ecos de pensamentos, antigas criações
Soltos, dispersos, parecem desconexos
Sopro-os num papel, formam-se versos
Através da magia das canetas coloridas
Desenhos também ganham vida
Curando as feridas contidas no porão
Recuperando a visão, a autopercepção
Quando as linhas ganham formas
E os vazios encontram tintas
Relampeja um trovão que ilumina
Um universo perdido na penumbra
Pouco a pouco reluzindo, se revelando
Feito vagalumes pelo caminho
O contrário da depressão: a expressão
Paralisada junto com a falta de reação
Escondida pela dor, que se tornou algoz
Carcereira feroz que ganha mansidão
Sempre que encontra liberdade
Para se mostrar e então dissolve-se
Formando nuvens de tempestade
Que os lampejos fazem alumiar
Criatividade, arte e a beleza de se amar
Nutrindo solo, germinando sementes
Mostrando que o pote de ouro
No final do arco-íris é a riqueza de ser
E pertencer a si mesma.