A mensagem repetida
Nesta hora em que a noite chega
Um vento morno vindo das penumbras
Sopra em meu rosto
E eu penso
Será que ele vai levar isso que tenho
Isso que carrego desde sempre?
Esse incômodo obscuro no meu coração?
Será?
E lambendo os meus ouvidos
Sinuosamente
Uma voz doce diz,
Não vai, não vai...
Eu fecho os olhos, reflito absoluto,
Se a dor pudesse subir
E se juntar às partes mais escuras do céu
Antes que as estrelas brilhassem,
Assim como se fugissem em silêncio,
Envergonhadas de há tanto tempo
Fazerem morada em minha alma,
Minha alma escura,
De graça, desgraça...
E eu penso,
Será que algum anjo me ouve agora?
Será que há entre eles um chamado Ismália,
Ismália vai levar pras alturas isso de mim,
Será?
E o vento do Nordeste,
Antes que a noite se estabeleça de vez
Vem me dizer ao ouvido baixinho
Com um extremo carinho,
Não vai, não vai...
E então
Eu comigo mesmo falo
Um dia ou noite chegará
Em que as minhas preces serão ouvidas
E eu poderei andar por essa vida
Feliz completamente
Como essas pessoas tão boas
Sem pensar nem vê
O sofrimento à porta de meu coração,
Nem me conhecer
Até o além das entranhas de minha alma abatida?
Será que um dia isso vai acontecer?
E os sussurros dos ventos mornos de minha terra
Com uma lufada tênue de calor
Me falam com extremo amor
Aos ouvidos,
Não vai, não vai...