A mensagem repetida

Nesta hora em que a noite chega

Um vento morno vindo das penumbras

Sopra em meu rosto

E eu penso

Será que ele vai levar isso que tenho

Isso que carrego desde sempre?

Esse incômodo obscuro no meu coração?

Será?

E lambendo os meus ouvidos

Sinuosamente

Uma voz doce diz,

Não vai, não vai...

Eu fecho os olhos, reflito absoluto,

Se a dor pudesse subir

E se juntar às partes mais escuras do céu

Antes que as estrelas brilhassem,

Assim como se fugissem em silêncio,

Envergonhadas de há tanto tempo

Fazerem morada em minha alma,

Minha alma escura,

De graça, desgraça...

E eu penso,

Será que algum anjo me ouve agora?

Será que há entre eles um chamado Ismália,

Ismália vai levar pras alturas isso de mim,

Será?

E o vento do Nordeste,

Antes que a noite se estabeleça de vez

Vem me dizer ao ouvido baixinho

Com um extremo carinho,

Não vai, não vai...

E então

Eu comigo mesmo falo

Um dia ou noite chegará

Em que as minhas preces serão ouvidas

E eu poderei andar por essa vida

Feliz completamente

Como essas pessoas tão boas

Sem pensar nem vê

O sofrimento à porta de meu coração,

Nem me conhecer

Até o além das entranhas de minha alma abatida?

Será que um dia isso vai acontecer?

E os sussurros dos ventos mornos de minha terra

Com uma lufada tênue de calor

Me falam com extremo amor

Aos ouvidos,

Não vai, não vai...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 13/07/2024
Reeditado em 13/07/2024
Código do texto: T8106304
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