Os psicoplégicos
Estive entre os psicoplégicos,
Não como que os visita,
Entenda, mas como alguém
Extremamente debilitado.
E o que posso dizer daquelas
Passagens?
Do que ali se ouve?
O que posso trazer ao
Contado de tuas potências
Que resulte em bons frutos?
Ah, o desespero contido,
A expressar-se por olha-
Res vidrados
Que ninguém contemplou?
A dor mais que lancinante
A varar e tresvarar
O corpo e a alma de quem
Ali morreu e morreu
Outra e outra vez, dentro
Da dor e depois acordou
Da morte e ela, a dor,
Ainda estava lá,
Ah, o que posso dizer?
O meu cérebro é um líquido
Que se derrama num copo
E depois se o derrama
Noutra vasilha,
E uma parte dele
Evapora, e então ele é
Chovido e corre na superfície
Da Terra e é bebido,
É mijado, é sudoporizado,
E então o derrama
Num como e não para nunca...
Ah, o que posso dizer
Dos filhos e dos pais
E das mães que ali estavam,
Todos na condição de per-
Didos?
Os referenciais foram apagados...
2014