A LINHA DA VIDA

Valéria Gurgel 

A Linha da vida não é reta

Mal nascemos e recebemos um novelo

Ao embolarmos o discernimento

Um ninho de gato vai se formando

Perdem-se as pontas dos laços de afetos

Damos nós cegos na nossa insensatez

O fio se engrossa e complicado fica acertar

O estreito buraco da agulha mais uma vez.

 

Costurar as histórias de vida nem sempre é fácil

Enruga-se os ânimos do pano nos bastidores

O branco tecido se amarela pelos dissabores e desilusões.

Lava-se o medo e alveja-se sorrisos, engoma-se a coragem

Passa-se com ferro quente e a vapor, o dissabor

O lado avesso de nossas versões não arrematadas

 

Há quem remende sofrimentos em cores vivas de resiliência

Há quem borde flores vermelhas nos vazios existenciais.

O inacabado de nós no cesto de vime espera o desembolar do novelo

Reencontrarmos as duas pontas do fio da vida é preciso

Para reerguermos a tapeçaria alegremente

Que a imaturidade não espete mais a ponta de nossos dedos.

Valéria Cristina Gurgel
Enviado por Valéria Cristina Gurgel em 15/03/2024
Código do texto: T8020623
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