E àqueles que me viram passar...

Eu sou aquele em quem ninguém acreditou

Que de alguma forma trinta vezes venceu

Mas que em cada vitária um pouco se dilacerou

Eu sou aquele que antes de agir já perdeu

Aquele que por impulso se jogou no mar

A fim de profundezas que não se conheceu

Eu sou o que teimou em ficar

Onde ninguém mais desejaria

Um lugar de monstros a se condenar

Eu sou aquele que te olhou um dia

Num desses em que ia a correr

E de longe só meu olhar te seguiria

Eu sou o pensamento que foi te ver,

O que chegou a casa sem ver sentido

Naquilo tudo porque estava a sofrer

Eu sou alguém a quem e permitido

Ser seja quem for, mesmo você,

Ser você a mim jamais é proibido

Eu sou aquele que em si não cabe

O que quando a luz viu cego ficou

O que sobrou quando nada restou

Aquele que nada de si sabe

Eu sou a ausência na estrada

Uma vontade sem vontade

Uma mentira vestida de verdade

Uma poesia, uma palavra estragada...

E àqueles que me viram passar

Peço desculpas pela minha presença

Tento ir por onde ninguém há a andar

Porque eu trago em mim doenças

Que de serem vistas já fazem chorar

Os empiedados pela minha demência.

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 01/01/2008
Código do texto: T798555
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