Faltam poesias para os Poetas?

No galho da laranjeira,

Pássaro dá pulinhos;

Após fazer uma mesura,

Apresenta-se:

Tizz...ziu,

Tizz... ziu;

Feito vento,

Vidas passam apressadas,

O saltitante, belo e sensível número artístico,

Como relatar em detalhes ou a grosso modo,

Se nenhum poeta viu.

Por faltar poesia para os Poetas,

Sobram truculências, indiferenças e rudezas para os olhos dos corações;

afinal, difícil, raro é encontrar um coração que não pare o seu cotidiano, que não freie os seus instintos apressados, para olhar e declamar as poesias contidas em uma cena trágica; e não precisa se guerra.

Alguns corações vão além do descrito e não perdem a oportunidade de se eternizarem em uma selfie...; quando não dispõem de algum aparato fotográfico, fazem um coração com os dedos das mãos.

No diminuitivo, acolhimento Superlativo:

Na parede de tijolinhos aparentes e desalinhados,

O pequenino buraquinho,

Acolhe um ninhozinho,

Com filhotinhos,

Que ao ver a mamãezinha ou o papaizinho curruruinha,

Trazendo no biquinho,

O alimentozinho,

Piam baixinho.

Quando se ama desinteressadamente,

O labor e sentimentos empregados ao ofício,

Não tem tamanho,

Nem idade,

Nem poder,

Em qualquer tempo,

Por qualquer espécie,

Os que amam,

Transformam dificuldades em facilidades,

Prazer e amenidades.

Nenhuma grande realização,

Nenhuma exuberante conquista ocorrerá,

Se não iniciar por um pequeno,

Por um ínfimo,

Ato de benevolência,

E presença, cuidado, ouvir, alimentar, orientar, ensinamento, carinho,

Principiam-o.

Faltam poesias para o coração e o poeta?

Resposta singela: "dependem dos batimentos cardíacos e não menos, do ponto de vista."

Sempre se reuniam debaixo daquele robusto, troncudo, centenário, pé de jabota. Círculo acocorado. O sombreiro cobria todas as caras. De tempo em tempo um vento minuano e fresco vinha assisti-los. Por certo, a quentura fazia pouco efeito.

Gargalhando de canto de bocas, dentes brancos clareados pelos gomos de cana mordidos. Ninguém tinha dúvida que aquelas famílias, cuja faixa-etária variava de bisnetos à bisavó eram alegres; mas o alarido festivo subia os ares quando faziam as rodas: uma aqui, outra ali, mais uma acolá e aquecidos com um leve gole de marafo, os berimbaus e atabaques iniciavam os preparativos para jogar capoeira e jongo.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 17/11/2023
Reeditado em 20/11/2023
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