Metamorfoses

Ontem eu era um pedaço seco de terra.

Um torrão esquecido num areal escaldante.

Mas, a chuva chegou e, com seu poder renovador, afastou pra longe o calor infernal.

Passada a fúria das águas, me transformei na lama que repudia.

As horas afastaram a umidade e logo me fiz argila.

Um bocado insignificante de barro.

E então, um sopro morno e renovador se fez, acho que vindo do céu.

Em instantes ganhei vida.

Junto, me veio o discernimento, os desejos e as inquietações.

Agora eu era um começo.

Uma penúltima metamorfose.

O mundo era meu e de quem minha costela pudesse trazer.

Agora eu tinha coração, uma alma e meu atrevimento de descobrir o que o mundo pode me dar.

E fico assim... Esperando que a última transformação chegue e eu me torne um anjo.

Ou quem sabe eu volte ao pó, esperando a chuva voltar e me transformar no que ela quiser.

Sandro R C Costa

Sandro Costa
Enviado por Sandro Costa em 06/03/2022
Código do texto: T7466705
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