Metamorfoses
Ontem eu era um pedaço seco de terra.
Um torrão esquecido num areal escaldante.
Mas, a chuva chegou e, com seu poder renovador, afastou pra longe o calor infernal.
Passada a fúria das águas, me transformei na lama que repudia.
As horas afastaram a umidade e logo me fiz argila.
Um bocado insignificante de barro.
E então, um sopro morno e renovador se fez, acho que vindo do céu.
Em instantes ganhei vida.
Junto, me veio o discernimento, os desejos e as inquietações.
Agora eu era um começo.
Uma penúltima metamorfose.
O mundo era meu e de quem minha costela pudesse trazer.
Agora eu tinha coração, uma alma e meu atrevimento de descobrir o que o mundo pode me dar.
E fico assim... Esperando que a última transformação chegue e eu me torne um anjo.
Ou quem sabe eu volte ao pó, esperando a chuva voltar e me transformar no que ela quiser.
Sandro R C Costa