Fábula Oriental
Tua confiança me diverte
Ao “tocar campainhas e fugir”
Arianos, eternos moleques
Te esqueces de quem está aqui?
Tu pareces, lá do oriente
A neve na copa da cerejeira
Que cai no inverno, toda crente...
Que é a malvada, a derradeira.
Lembra: o galho rígido e forte,
Por mais neve que suporte
Um dia se quebra e cede
Ao forte peso da neve.
Mas o galho delgado e flexível
Como espírito de menino,
Suporta um pouco o peso terrível
E mesmo sendo pequenino:
Sob o peso da neve se dobra!
E volta confiante ao lugar
Deixa cair a neve de sobra,
Sabendo que jamais quebrará
Vejo a neve cair em mim
Ameaçar ir embora assim,
Me dobro, me despeço da neve,
e o vento que a leve!
Deixo ela cair no chão,
(E sorrio pra ela, então)
Volto ao lugar, me acerto,
Que vem outra neve por certo...
A neve no chão olha pra mim,
Não sabia que seria assim
Eu no alto, sorrindo a olhando
Ela, no chão, derretendo e chorando.
(20 jan 2005)