Como um pássaro numa gaiola
Por um bom tempo acreditei que sempre fui livre
Quando na verdade me prendi num pequeno espaço
Por um bom tempo pensei que a visão da janela fosse todo o mundo lá fora
Mas somente agora que saí dessas grades foi que vi o que deixei de ver
Após sair daquele curto espaço e atravessar o vidro, foi que percebi o quanto o mundo era mais do que coloquei-me a visualizar
E pensar que coloquei-me naquela situação por acreditar que assim o outro seria mais feliz
Somente hoje que enxergo
Permitir-me aprisionar numa gaiola e cantar para quem achei que fosse tudo
E tudo foi por uma atração do que faltava
Um alimento que não via nas árvores afora
Que na verdade sempre esteve dentro de mim
Após essa liberdade, percebo que o alimento não era tão bom assim
E pensar que quantas árvores mais deixei de cultivar e plantar
E pensar que quantos pássaros não deixei de comunicar
Após relembrar que posso voar por aí fora de uma gaiola
Após ter de volta a sensação que a vida toda tive: liberdade
Hoje sei que um todo pássaro nasceu para ser livre
Não para ser submetido num curto espaço fechado e alimentá-lo só para ele viver a cantar e encantar alguém