MURMURIO

Quando pouco a pouco te acordares.

Trarás na tua forma, a herança, o vínculo.

De antigas ansiedades em tuas veias,

a febre verde de percorridos rios.

Nas velhas tardes, sulcos de desespero.

Outrora, o navegar sombrio,

no vendaval de tantos mares,

no sem fim dos mares.

Ouvir a voz da mãe tú has de,

a voz do sangue a leste do teu corpo,

toa sobre a carne, a declarar-te

pura e simplesmente o amor primeiro.

E a dizer-te no múrmuro mover dos lábios,

brandamente, anônimo, teu nome.

Como oscilante e de leve,

indica sobre o esmalte a direção de uma jornada incerta.

Uma agulha de brisas,

numa búlssola de frêmitos.

Escutarás nascerem da tua noite,

os sons desconhecidos.

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 03/04/2020
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