O SERTANEJO
O SERTANEJO
Muitas das vezes perco-me nos atalhos da vida em histórias
E tento encontrar um caminho para compreender a sabedoria
E sinto-me esquisito quando o vácuo chão se abre
Na escuridão do sertão bravo, seco, aterrado pela própria sorte
Surgimento do nada num buraco de areia e terra batida
E talhado pelo sol escaldante dos dias quentes de morte
Esculpida na vastidão do pó seco, sem grãos de sementes
Sem água cristalina, só barrenta!
um nome surge apagado na lápide da caatinga
Com o carcará a pedir comida em pleno meio-dia
De dura fome e dor nesta vasta escuridão em um clarão
Ao rezar uma Ave-Maria na vida em morte
E pela agonia passadas em vistos voando.
São sete palmos de terra com formiga até chegar no adeus já dito
E o raio silente predito, calado, não diz, queima até rachar o corpo Redito na escravidão do sol ardente num berço de luz fosforescente
De quimeras mil em outros vivas em seca vegetação a sorrir.
E o suor pinga salgado e mostra folhas secas de morte com o vento
Que nem o rio seco nem matando de calar morte de fogo fátuo
Os que gritam pelo defunto no relento em nobre de "Padinho Cícero"
E eu distante vendo, pensante, buscando sair desse achado
Em graça vou retirando-me sem sair dessa terra alado.
Caminho perdido, pelo horizonte despachado
Esperando ser abençoado pelos que não têm tempo de chorar
Porque todos caminhos, atalhos e desgraça vista não posso ir
Mas, posso voltar para o mesmo lugar ou posso dar adeus
Eu, nem tão pouco pararei para pensar no dito e redito
Nessas léguas de atalho por assim paridas, nascidas e mortas
Em chão bruto em formato de espiral que nem tamanduá.
Sei, que um dia certamente descalço enrolado em uma rede voltarei
Para uma nova reza fazerem pela morte que se reproduz
Com o sangue suado das benditas vidas de sofreguidão
Numa terra de despedidas que chora por gratidão
Rezando sempre um Padre Nosso, Creto e Ave-maria se vai...
Sérgio Gaiafi