Um simples olhar

Pousei o olhar sobre o campo que eu via

e vi pétalas de flores que pintavam os meus pés

Vi um jardim, um imenso jardim

onde a vida fluía em cores diversas

Pensei em colher as flores que eu via

mas a magia que eu sentia me fez compreender

que a vida das flores estava no galho

que a elas prendia

Pensei em ser flor...

Depois, pensei em não ser

com medo de uma mão, que me pudesse colher

De flores, não sei...

Às vezes as vejo, secas e mortas

sem vida e sem cor num jarro bonito

em cima da mesa com uma toalha florida

são flores colhidas

Mas aquelas que agora brilhavam em meus olhos

presas ao caule, se banhavam de cores

de perfumes diversos, perfume de flores

Olhei a montanha que eu via à frente

e vi ao redor uma estrada de terra, coberta de flores

Lembrei da subida em outras montanhas

em caminhos de pedra, que machucaram os meus pés

Antes não via aquela estrada florida, que agora eu via

Não via as cores e o perfume das flores

nem flores eu via...

Agora que eu via o campo de flores

o perfume e as cores

pedia ao dia que me desse a luz

que afastasse a noite que havia em mim

O dia me deu um sorriso bonito

e disse que a noite viria um dia

e depois de outro dia e que dias e noites viriam depois

O sorriso que eu via, me fez compreender

que a noite viria, mas traria as estrelas e o brilho da lua

Viria serena com um passo bem leve

e traria outro dia de cores e flores, que se abririam

Pensei em ser flores e ter mil amores

Pensei em não ser, pensei em não ter

Pensei que o que eu tinha eram flores também

que florescem de dia e perfumam de noite

a luz dos meus dias

Há noites e dias...

Ana Campos
Enviado por Ana Campos em 02/11/2016
Código do texto: T5811367
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