Um simples olhar
Pousei o olhar sobre o campo que eu via
e vi pétalas de flores que pintavam os meus pés
Vi um jardim, um imenso jardim
onde a vida fluía em cores diversas
Pensei em colher as flores que eu via
mas a magia que eu sentia me fez compreender
que a vida das flores estava no galho
que a elas prendia
Pensei em ser flor...
Depois, pensei em não ser
com medo de uma mão, que me pudesse colher
De flores, não sei...
Às vezes as vejo, secas e mortas
sem vida e sem cor num jarro bonito
em cima da mesa com uma toalha florida
são flores colhidas
Mas aquelas que agora brilhavam em meus olhos
presas ao caule, se banhavam de cores
de perfumes diversos, perfume de flores
Olhei a montanha que eu via à frente
e vi ao redor uma estrada de terra, coberta de flores
Lembrei da subida em outras montanhas
em caminhos de pedra, que machucaram os meus pés
Antes não via aquela estrada florida, que agora eu via
Não via as cores e o perfume das flores
nem flores eu via...
Agora que eu via o campo de flores
o perfume e as cores
pedia ao dia que me desse a luz
que afastasse a noite que havia em mim
O dia me deu um sorriso bonito
e disse que a noite viria um dia
e depois de outro dia e que dias e noites viriam depois
O sorriso que eu via, me fez compreender
que a noite viria, mas traria as estrelas e o brilho da lua
Viria serena com um passo bem leve
e traria outro dia de cores e flores, que se abririam
Pensei em ser flores e ter mil amores
Pensei em não ser, pensei em não ter
Pensei que o que eu tinha eram flores também
que florescem de dia e perfumam de noite
a luz dos meus dias
Há noites e dias...