Apresentação
Quer saber quem sou?
Troque de olhos
Eu sou algo que não se vê
sufocada por uma massa armada de vulnerabilidade
E estou voando
O voo é pra ser metáfora de livre
mas sinto os pés tão presos
como se tivesse que lutar com cordas
ainda que nas nuvens
(reduzidas a nuvens
porque vemos apenas nuvens)
Eu sei lá
Mas já que me chamam de poesia
mesmo sufocada em padrões poéticos
com genética revestida de DNAs estéticos
impedida de saltar por mim
coagida a experimentar a morte
a vida desvivida
a dor do aprazível
com limites nas janelas
preocupada em agradar
perfumada e doce
minha experimentação de coisa coagida se resume ao ilusório
ao sintético do ser
E agora que não rimo
E que pontuo quase nada
Não me acham elegante
nem atraente
nem verdadeira
só que sem mérito
é que choca a nudez do meu ser
a nudez que não se vê
choca nascer nua
e o cheiro do sangue
da placenta rompida
choca nascer viva
fora de um frasco de conservas