O OUVIDO DO CORPO

"Há dores que vem para nos conhecermos e parece que elas estão fora do tempo, duradas em uma realidade existente dentro da alma", pois toda ficção do tempo é a mais pura realidade, das sensações em que não se consegue fugir. Se elas perseguem a ferro e fogo às contradições da sensibilidade formada a partir do espirito. Quando o desesperado sentimento de não pertencimento a si mesmo, faz passar o outro para lhe dar a falta, do nome que não se nomeia sem antes existir a vontade de lhe dar um nome. Por isso certas coisas não passam, outras são breves enquanto não produzem vento, outras perseguem, se afinam para se darem nome. Ao passo que o criado gera o próprio tempo, sem antes ter existido. Em certos tempos, os tempos não escutavam os sentimentos, o fogo ardia dentro e não produzíamos os eventos. A mesma verdade não fazia ver o sol como a primeira vez. Da mesma maneira nos despedimos sem nunca termos antes nos separados. A conexão começava a separar pela intuição de voltar, por onde o tempo dava suas respostas pelas coisas vivas, mesmo no retorno do inaudito, na palavra que fica, no som da saudade que pronuncio, na imagem que me convoca, na sua pele que procuro nos arredores do silêncio. Tudo me envolve a escrever, como se fosse querer a sua risada marcada em meu mundo.

De Fernando Henrique Santos Sanches - Poeta das Almas

Fernando Febá
Enviado por Fernando Febá em 25/03/2016
Reeditado em 09/07/2018
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