Vida e Treva

Não há treva que destrua uma alma,

Não há alma que não convalesça em sua treva;

Estrada sem fundo, corpo, linhas da palma;

Poço sem fim que se fecha - a vida prospera!

No temor de uma ponte balançada,

Na cegueira a visão de uma usura,

Não há tempo por cobiça acelerada,

Mas há medo e delírio por ternura!

Neste mundo tão falante e tão mudo,

No caminho tão vazio e tão cheio

Não há hora que não brote e arranque tudo,

Mas há tudo que afaste o devaneio!

Não há treva que destrua uma face,

Não há face que não escureça em sua treva;

E por dentro destes olhos, cores inconstantes;

Flor da quimera - a vida prospera!

Mesmo tudo o que é profundo é momento,

Onde tudo o que é momento é passageiro;

Não há treva que não fortaleça o passo,

Mas há passo que pisado é receio!

Se o tato deste mundo é alucinante,

Se o clima deste tato é uma guerra,

Não há terra para superar o pranto,

Mas há treva nesta vida que prospera!

Tai Sant Ollem
Enviado por Tai Sant Ollem em 06/07/2014
Reeditado em 05/09/2014
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