VIDA DUPLA
Ninguém me conhece por dentro
Posso ser tudo que sou por fora,
Mas é tudo que vocês podem ver.
Por dentro sou outra
Outra é a minha essência
Por isso vago perdida, solitária
Tentando me encontrar
Mas não achei ninguém igual a mim
Para eu me agrupar.
No início vivia sozinha
Mas aprendi a teatrar
Agora ando em grupos, sempre acompanhada
Mas ainda estou sozinha, ainda não sou eu.
Aquela que vocês veem por ai ainda não sou eu.
Queria mostrar-me como sou
Mas como sou incomodo
Pois ainda não há quem seja como eu
Não gostam nem compreendem o meu vocabulário
As palavras que digo soam para algumas como latim
Das minhas leituras não gostam, nem ao menos gostam de leituras
Dizem não aos discursos, aos debates,
Aos imponentes sensos críticos que promovem mudanças.
Não gostam das minhas conversas
Não é que não gosto das delas,
Também gosto
Mas gosto de algo a mais
Que me preenche que me completa
Que realmente revela quem eu sou
Embora não ame a superficialidade
Muitas vezes somente nela posso ficar
Até que encontre, para meu prazer, papel e caneta
Ou meu amado netbook,
Para ali despejar quem realmente sou.