Tempo Clandestino
O tempo e as horas...
São meus inimigos mais constantes,
Não sei o que faço agora...
Permaneço assim ou vou adiante?
Ah tempo... Somente o tempo...
Poderá curar minhas memórias,
Se eu pudesse ao menos no relento
Lembrar apenas de minhas vitórias.
Oh tempo ingrato
Dei-te tudo e me deu nada,
Tu és como a besta do mato
Que devora e sai calada.
E nem mesmo a serpente
Consegue desvendar teus mistérios,
Pois de tão decadente
Enterrará-me um dia no cemitério.
És somente tu que me afrontas...
Tu, meu tempo que ainda sobra,
Minh’inspiração que conta
Na poesia que é mais uma triste obra.