Conversa com o pranto

Ei, meu pranto, não te encontro derramado,

Eu bem sei não estás triste comigo,

Porém rio quando penso em te encontrar

E meu riso não me deixa entristecer.

Ei, e há quanto não derramas nesta face,

Não preciso minhas mãos tão calejadas

E sofridas enquanto não se param,

Te enxuguem nos meus ais que não se calam...

Por que foste logo agora e me deixaste

Tão sozinho se tu eras companhia

Dos meus versos e das prosas em desgaste,

Tempestade em meio à calmaria?

Ó, meu pranto, esqueceste dos momentos

Onde o assombro toda noite me encontrava

E embora acordado então sonhava

Os meus sonhos em si colhem desalentos...

Eu não quero que tu voltes simplesmente

E consigo tragas dor e sofrimento,

Nem tampouco um pouquinho de lamento,

Mas somente emocionar-me tão contente.

Onde vais? Acabaras de chegar!

Fique um pouco, que recordes as tardinhas,

E as auroras que, por fim, então sozinhas,

Derramavam-te em meus olhos a chorar...

Sei, já sei que só vai por um pouquinho

Mas não dizes quando voltas neste peito

Por favor, não me deixe aqui sozinho,

Alegra o coração deste aflito!