Houve um tempo mui  denso
Sem furos aerados por dentro
E como doces ,rapidamente foram mastigados
Os restos em  papéis amassados


Houve um tempo amoroso sem pedaços
Sem frios aços
Sem afiados gumes nos fios
Sem laços tão finos


Houve um tempo de risos
Que brotavam mesmo em parcos pingos...


E hoje
Quando parece inverno nesta primavera meio fingida
Esquecida
Esquisita
Vejo a real chuva de todos escondida
Abrindo descaradamente a ferida



E se chovo em meio a estação das flores
É como se fossem expurgadas dores
Como fora feito  de plástico o flóreo  adorno
Como se jamais murchasse
E de igual forma também  jamais perfumasse...



Sigo mesmo aparentemente parada
Um tanto assustada
Vez ou outra olho o céu de humores lentos
E é como se divisasse mui longe outros ventos




É minha primavera ainda esperada
Pois sei
Foi por mim mui cultivada



E não serão estes trincados solos o que matarão
O meu já meio ressequido coração...





http://www.recantodasletras.com.br/audios/poesias/50983
Adah
Enviado por Adah em 24/09/2012
Reeditado em 24/09/2012
Código do texto: T3898044
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.