Houve um tempo mui denso
Sem furos aerados por dentro
E como doces ,rapidamente foram mastigados
Os restos em papéis amassados
Houve um tempo amoroso sem pedaços
Sem frios aços
Sem afiados gumes nos fios
Sem laços tão finos
Houve um tempo de risos
Que brotavam mesmo em parcos pingos...
E hoje
Quando parece inverno nesta primavera meio fingida
Esquecida
Esquisita
Vejo a real chuva de todos escondida
Abrindo descaradamente a ferida
E se chovo em meio a estação das flores
É como se fossem expurgadas dores
Como fora feito de plástico o flóreo adorno
Como se jamais murchasse
E de igual forma também jamais perfumasse...
Sigo mesmo aparentemente parada
Um tanto assustada
Vez ou outra olho o céu de humores lentos
E é como se divisasse mui longe outros ventos
É minha primavera ainda esperada
Pois sei
Foi por mim mui cultivada
E não serão estes trincados solos o que matarão
O meu já meio ressequido coração...