Od(i)e ao Esforço
Lembro de ter um sonho...
Era assim
Esforço premiado,
[sem louros, intestino, visceral]
Não é algo fácil.
É intenso. É luta cotidiana
[contra o acordar cedo e dormir tarde]
[contra o horário de almoço apertado]
[contra os que não te entendem e te estranham]
É conviver com a mesma proporção de expectativa
de fracasso e de sucesso.
É ignorar a vontade do acômodo
e desprezar o incômodo com o banal.
É constatar a infeliz incapacidade humana
de estender o tempo.
É manter o ânimo face às desventuras
e aventurar-se ainda que desanimado
É construir um mundo paralelo ideal
ante a desilusão da realidade.
É, muitas vezes, perder o rumo, desacreditar, questionar o caminho...
Mas,
o fim compensa!
Trata-se de algo estranho, inexplicável.
Sentir-se-á o processo de desprendimento de um peso da alma.
Acompanha-lhe o grito que flui das entranhas.
[como se todas as células do corpo vibrassem no mesmo tom]
Calor, eletricidade, contração, palpitação,
ossos, músculos, nervos, hormônios
tudo é fluxo,
conexão tangível e perceptível.
Ao fim uma questão incomoda:
Como viver nesse clímax constante,
sem ter conta na padaria do Diabo?