QUESTIONE-SE
 
Eu um dia tive medo,
Por esse medo eu sofri,
Enrolei-me nessa teia,
Dentro dela me perdi,
No seu longo labirinto,
Se há saída não sinto,
Se há porta esqueci.
 
E eu não me arrependi,
Por ter entrado na dança,
O medo não me assusta,
Supero-o com a andança,
Por terras desconhecidas,
De pessoas deprimidas,
Que carregam esperança.
 
A estrada que avança,
Sob os pés do estradeiro,
É a quentura que queima,
Derruba o pé de facheiro,
Mareia a vista cansada,
Não vejo o fim da estrada,
Míngua a luz do candeeiro.
 
Lá vem outro estradeiro,
Que sem olhar ele passa,
Quando me volto pra vê-lo,
Só o cinzento, a fumaça,
Meu medo se foi com ele,
Deixou-me o que era dele,
Corroendo qual a traça.
 
Quem couber à carapaça,
Não se faça de rogado,
Temos todos algum medo,
Da mente somos soldado,
Ouvindo as ordens do “Eu”
Carrega-se o dele e o teu,
Mesmo que questionado.
 
        Rio, 28/12/2011
       Feitosa dos Santos