OLHOS PARA NADA

Quem procuras tu,

Nas gotículas, que a chuva deixa,

Esquecidas

No erotismo das janelas molhadas?

Quem procuras tu,

Quando a noite impõe a solidão

Ao azul imenso,

E o coração é queixa

E silêncio?

Quem procuras tu,

Na feminilidade das águas sabidas,

Ali deitadas – corpo inteiro,

E aqui sentidas – suposto rio?

Quem procuras tu,

Quando das estrelas,

O sorriso fulgente se apaga,

E anuncia o minuto primeiro

Da madrugada?

Ninguém!

Pois que pode

Procurar alguém,

Tendo sempre janelas fechadas?!

Janelas fechadas

É como ter olhos para nada.

Jorge Humberto

(In Saiu a Fera de Mim)

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 29/08/2011
Código do texto: T3188812
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.