805 _ VELHA INFÂNCIA

A velha casa de madeira

sobreviveu na minha saudade.

Já que o tempo que tudo leva

desgastou lentamente

minha infância querida.

Apenas uma cor de tinta nova

devolve à velha casa

seus ares de moça,

aquele que tinha

de minha infância

que vivi ali.

Ah! Lembranças que guardo

que o tempo cruel

não nunca apagou!

Ah! Lembrança amiga

dos meus pais e irmãs!

Fazem - me voltar

num tempo que ainda respiro.

Lá no canto, velho abacateiro,

o respeitável limoeiro

que nunca nos negou sua sombra

dia, meses, o ano inteiro.

Nem se aborrecia

com nosso movimento

brincando até cansar

em seu tronco,

catando suas folhas

perfumosas no ar.

Restou apenas a saudade

hoje ouvindo o farfalhar

que suas folhas contam

as histórias que não sabíamos

de uma felicidade de crianças!

Ah, o balanço feito pelo nosso pai!

As cordas que nos levavam ao alto

quase perto das nuvens

de um céu branquinho

renascendo em minha imaginação.

Também lembro sem cessar

da boa terra roxa,

onde minha mãe plantava verduras

e belas margaridas em volta

dos canteiros formando jardins

e se enroscando na velha cerca

onde, hoje, cantam minhas saudades...

Um pedacinho de minha vida

redescobrindo a velha casa

que é meu mundo de solidão.

KÁTIA PÉROLA
Enviado por KÁTIA PÉROLA em 24/08/2011
Reeditado em 17/12/2011
Código do texto: T3180409
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