Sono após o almoço
E o sono vem,
A fera desabalada,
Alimentada por bons sabores
A apresentar-se num palco
Perigosamente iluminado,
Profusamente colorido
De enebriante, e perfumado
Ar por vezes aquecido,
Outras vezes esfriado
Mas nem assim desprendido
Desse sono que me domina.
E o sono vem,
Montado a galope,
Nas rédeas de um corcel,
De nome Escalope,
Filho de Bolo de Tapioca,
Com Cafezinho e Pão de Mel.
Ele vem, certo da sua vitória
De sagrar-se aqui vencedor
E quem vence, escreve a história.
O sono vem,
Trazendo brumas e fadas
E eu travando batalhas,
Vem sem armadura ou espada
Apenas algumas migalhas
Que sobraram do meu almoço.
Mas que são suficientes
Para fazer alvoroço,
Nesses meus olhos dormentes,
Prestes a se entregarem,
As pálpebras a se juntarem
E o fim derradeiro,
A rendição final,
Sozinho, mais ninguém resta
Me encontro no fim da festa
Cansado a respirar,
O sono ocupa lugar,
Meu cansaço, a descansar
A vontade da velha acolhida
Que seja uma curta dormida,
Uma pedra irei me tornar.
E veio o sono,
E o papel foi seu, a saber
De fazer-se tema
Para poema eu fazer.